terça-feira, 29 de maio de 2018

YIP MAN, O PATRIARCA MODERNO

Sifu Yip Man (1893-1972)  Ele nasceu em uma rica e tradicional família de Futsan, China. Aos 9 anos de idade, Yip Man começava a treinar Ving Tsun sob a tutela de Chan Wah Shun, pagando a seu mestre três moedas de prata, o que significava um alto valor para a época. A partir de 1907, porém, começaria a atribulada vida de Yip Man, que com 16 anos de idade, presenciou um desafio de Chi Gung por uma mulher que se propunha a receber um ataque na região da cintura (dan tin) e nada sentir. Yip Man apresentou-se como um voluntário e desferiu um golpe (gum jeong) o qual acabou resultando no falecimento da mulher.



Yip Man

Devido ao incidente, a família de Yip Man foi forçada a tirá-lo de Fatshan e mandá-lo para o Japão. Durante a viagem Yip Man já encontrara problemas e depois em terra, viu-se obrigado a se defender, primeiro em um confronto com três indivíduos no cais de Kobe, qual resultaria num segundo combate com um oficial da polícia. Após Yip Man lutar e vencer os três marginais, estes armaram com o oficial da polícia uma maneira de pegar Yip Man. Nem a imagem de um oficial indispôs ao combate; mesmo vencendo, Yip Man foi preso e para ser solto, porém deportado, teve que assumir verbalmente a derrota perante o oficial. Deve-se levar em conta que havia diferenças políticas e culturais entre China e Japão e, portanto não eram amistosas as relações entre os dois países, configuradas mais tarde na Segunda Guerra Mundial.

Deportado para a China, Yip Man estabeleceu-se em Hong Kong, reiniciando seus estudos em um colégio da região, chamado St. Stephen’s College. Não tardou, porém e logo ficou famoso na escola por meter-se sempre em brigas, mesmo contra oponentes maiores e mais fortes. Certa ocasião encontrava-se em um parque fazendo suas técnicas, as quais foram presenciadas por um homem, este achando muito parecidas com as de um amigo chamado Leung Bik. Esse homem contou ao amigo o que vira e Leung Bik (um senhor de seus 50 anos de idade) convidou-o para uma luta. Yip Man aceitou imediatamente e procurou-o para desafiá-lo. Este o olhou de alto a baixo e sorriu, perguntando se ele havia treinado com o venerável Mestre Chan Wah Shun, de Fatshan e se ele já havia aprendido o Chum-Kiu (segunda forma do estilo Ving Tsun).

Yip Man não ouviu o que o homem dizia, pois teria percebido que apenas um conhecedor do estilo poderia saber esses detalhes. Vendo que não havia outra alternativa, o homem disse que Yip Man poderia atacar como quisesse, que ele tentaria não machucá-lo.

Isso enfureceu o adolescente, que atacou diversas vezes. O homem apenas esquivava seus golpes e o jogava ao chão; uma surpresa para o então jovem e arrogante Yip Man que, convencido de sua habilidade, não conseguia imaginar que Leung Bik, já de certa idade, pudesse superá-lo, até que reconheceu sua derrota.

Leung Bik convidou Yip Man para praticar com ele, o que durou cerca de três anos, durante os quais aprendeu teorias e aplicações que lhe faltavam.

Em 1913, aos 24 anos, Yip Man retornava a Fatshan. De volta à sua terra natal, onde encontraria seus "Si-Hings" (alunos mais antigos, da época de treino sob a tutela de Chan Wah Shun); foi acusado de desertor e de ter aprendido outro estilo de Kung Fu. Levou muito tempo para convencer seus colegas do encontro com Mestre Leung. Ng Chang So afirmou a Yip Man de que as técnicas apresentadas eram Ving Tsun, ainda que aplicadas de forma diferente (vale lembrar que devido à morte de Chan Wah Shun supõe-se tenha ficado incompleto o aprendizado de seus alunos, pressuposto ser o conhecimento de Chan Wah Shun o mesmo de Leung Bik). 

Existem muitas estórias e anedotas principalmente sobre os feitos de Yip Man em Fatshan. Conta-se que ele desmontou, rápido como um raio, a câmara de uma pistola apontada para ele por um soldado perverso, ou ainda que participou de muitos duelos em que a cada vez ele subjulgava o desafiante em menor tempo.

Nessa fase de sua vida, constam inúmeros relatos de lutas que teria tido, entre as quais, uma contra Tsu Ping, ladrão com fama de cruel e ‘expert’ em artes marciais. Preso por Yip Man, na delegacia, Ping passou a provocar seu captor dizendo que não reagira como deveria alegando ter sido preso por uma pessoa de idade. Yip Man propôs uma luta, e se Ping o vencesse estaria livre. De porte físico bem maior que Yip Man, Ping atacou com uma seqüência de socos dos quais Yip Man defendeu-se se deslocando e no soco seguinte controlando o braço do agressor, desferiu uma violenta joelhada a qual levou Ping ao chão nocauteado. 

Yip Man casou-se e teve dois filhos, Yip Chun (nascido em 1925) e Yip Jing. Por volta de 1939 serviu o exército na guerra contra o Japão.

Durante a Segunda Guerra Mundial, quando grande parte da China estava sob o controle militar japonês, a rica fazenda de sua família faliu e ele começou a passar por dificuldades. Com o final da Segunda Grande Guerra Mundial, foi morar em Nanhoi, onde se tornou capitão da polícia e passou a trabalhar como detetive policial.

Em 1949, com a revolução comunista na China, Yip Man viu-se novamente obrigado a fugir, indo para a cidade de Hong Kong, tendo que deixar a família em Nanhoi. Em estado de pobreza absoluta, devido à grande dificuldade de empregos na época, foi recolhido e ajudado por pessoas da associação dos garçons de Hong Kong. Curiosamente, havia entre eles muitos praticantes de kung fu, como Leung Sheung que mais tarde viria a ser seu primeiro discípulo. No início os membros não prestaram muita atenção em Yip Man, nem tiveram respeito pelo que ele estava ensinando, pois o kung fu Wing Tsun diferente dos "longas pontes e amplas posturas" de outros estilo de kung fu e por isso não é tão atraente a primeira vista. Assim como seu mestre, Yip Man não queria exibir suas habilidades, exceto quando fazia parte de exibições públicas. Esta é a razão pela qual o Wing Tsun não era tão conhecido naquela época.

A miséria e a falta de trabalho foram provavelmente os fatos que obrigaram Yip Man a ensinar Ving Tsun Kung Fu profissionalmente, já que pensava como a criadora do estilo, Ng Mui, que o Wing Chun não era mercadoria de finalidades comerciais, além da necessidade de supervisão direta professor/aluno e da maior eficiência garantida para o estilo se um menor número de pessoas o conhecesse.

Após admitir Leung Sheung como aluno, seguiu-se Lok Yiu, Tsui Sheung Tin, e tantos outros, recebendo treinamento direto em teoria e prática com Yip Man. O sucesso de seus estudantes nas brigas de rua e nos pequenos torneios informais entre praticantes de Kung Fu, chamados Gong Sao, tornou o Ving Tsun, até então um estilo pouco conhecido, famoso.

Em 1968, funda a Hong Kong Ving Tsun Athletic Association, entidade que ainda hoje representa aquele estilo em Hong Kong e foi o berço de todos os Grandes Mestres de Ving Tsun da atualidade. A fama de Yip Man e sua prática se espalharam rapida e amplamente e atraiu a admiração de um numero cada vez maior de seguidores, particularmente de força policial de Hong Kong.

CONTESTANDO O MITO DE NG MUI

Resultado de imagem para A LENDA DE NG MUI

Primeiramente, com exceção da lenda, não há outra evidência de que Ng Mui tenha existido em seu âmbito como grã-mestra ou fundadora de um sistema de Kung Fu.

Em segundo lugar, seria proibida a presença de uma monja, mesmo que só para treinar, em um ambiente de celibato monástico como eram os Mosteiros Shaolin.

Terceira, e talvez a mais importante, depois de escapar de uma situação de vida e morte sendo uma revolucionária, não faz sentido que Ng Mui ensinasse um sistema de luta avançadíssimo a uma garota local com problemas românticos e sem nenhuma conexão com a revolução. Nesse período da história Chinesa, a Dinastia Qing determinou uma forma especial de punição para traidores e rebeldes. Depois de confessar seus crimes o culpado seria executado. Posteriormente, os oficiais Qing caçariam os membros de sua família até a nona geração e os executariam também como traidores. Logo, ensinar uma arte marcial a Yim Wing Chun poria a vida Ng Mui em grande risco.

Observando Yim Wing Chun como elemento de uma lenda, consideramos mais uma vez a importância das sociedades secretas rebeldes. “Yim” pode ser traduzido como “proibido” ou “secreto”. O termo “Ving Tsun” referia-se a uma localização geográfica – O Siu Lam Wing Chun Tong (Salão da Eterna Primavera da Jovem Floresta), onde provavelmente os rebeldes praticavam artes marciais e orquestravam suas atividades sediciosas. O uso do termo “Primavera” simbolizava o renascimento da Dinastia Ming e “Eterna” referia-se ao restabelecimento da dinastia que duraria para sempre. Depois da destruição do Templo Shaolin do Sul e seu Ving Tsun Tong, os sobreviventes mudaram o caractere “Ving” de “Eterna” para “Louvar”. O termo “Louvar” referia-se ao fato que os revolucionários teriam de espalhar a palavra sobre a revolução depois da destruição de sua base. Assim, “Yim Ving Tsun” era na verdade um código, significando (proteger) a arte secreta do Salão do Ving Tsun. 

Sabemos que muitos (não os cinco da lenda) monges e rebeldes escaparam ao massacre manchu e que, para auxiliar no sigilo do sistema, o material histórico era passado diretamente do mestre ao discípulo.

Historicamente, sabemos que a atividade rebelde floresceu na Companhia de Ópera do Barco Vermelho. A Ópera Vermelha era famosa por seus talentosos artistas de drama, expertos em Kung Fu e ginástica, o que permitia a formação de sua própria sociedade secreta para expulsar a Dinastia Manchu. A companhia provia o refúgio ideal para os rebeldes se ocultarem como artistas usando elaborados trajes e maquiagem, lhes proporcionando um excelente, natural e plausível disfarce. Os membros da Ópera adotavam e eram conhecidos por seus “nomes artísticos”, o que servia para ocultar suas identidades secretas.

O MITO DE NG MUI E A VERDADE SOBRE O VING TSUN

O mito de Ng Mui foi criado para proteger as identidades dos criadores e perpetuadores do sistema Ving Tsun. Uma cortina de fumaça foi tecida na forma de uma lenda...

A história recente pode testificar, o Wing Chun foi desenvolvido cerca de 400 anos atrás em uma época de instabilidade civil. Entre 1644 e 1911, os manchus governaram a China, onde 10% da população (os manchus) dominavam os outros 90% (os Han, chineses). Para manter o controle sobre os Han, os manchus governavam com punho de ferro. A agressão e a opressão foram a pedra angular da Dinastia e aos Han foram proibidos o uso de armas ou treinamento de artes marciais. Assim, na tentativa de acabar com essa opressão, atividades rebeldes foram instigadas por mestres de artes marciais que permaneciam ocultos.
Guerreiros manchus

Essas atividades foram desenvolvidas rapidamente nos monastérios budistas, que até então não sofriam qualquer tipo de ameaça por parte dos manchus devido ao respeito à cultura e à religião Budista. Assim, esses santuários Shaolin (Siu Lam) eram os lugares ideais para que os renegados se ocultassem – eles simplesmente raspavam suas cabeças e vestiam os hábitos monásticos dos discípulos do Templo. Durante o dia, os rebeldes se protegiam como monges, cantando em coros pelo Templo. Mas à noite, eles se reuniam para formular seus planos para expulsar os manchus.

Especula-se que dentro do templo havia uma sala chamada Ving Tsun, onde, provavelmente a arte era praticada, daí seu o nome.

Há aqueles que insistem na posição de que os santuários Shaolin não possuíam inclinação política. Eles tentam enfatizar que os ensinos Budistas não permitiriam o suporte a rebeldes e sociedades secretas. Essa é uma posição sentimental e não baseada nos fatos históricos. Líderes religiosos através da história, tanto no ocidente quanto no mundo oriental, exerceram influências políticas e governamentais desde o início dos tempos. As igrejas sempre abrigaram vítimas que sofriam perseguição de autoridades opressivas. No caso da China, sérios precedentes para esse comportamento de parte dos monastérios já haviam sido estabelecidos cerca de 400 anos antes. Como verificado pelas pesquisas do Ving Tsun Museum, Chu Yun Chueng (Jyu Yuhn Jueng), o homem que liderou os chineses na revolta contra os mongóis e estabeleceu a Dinastia Ming foi ele mesmo um monge Budista. 

Quando se encontravam, os revolucionários identificavam-se entre os outros com um secreto sinal de mãos que depois viria a se tornar um cumprimento formal de encontro ou cortesia do Wing Chun. De fato, a tradição do cumprimento de encontro ou cortesia é comum para muitos estilos de Kung Fu de hoje em dia com dois significados: O primeiro significa o reconhecimento dos estilos de origem Shaolin – a mão esquerda simbolizando a união do Dragão Verde e o Tigre Branco (mão direita), os animais lutadores dos monges Shaolin.

Pelo final do século XVII os manchus se tornaram conscientes sobre as atividades rebeldes do Templo Siu Lam e seu contínuo desenvolvimento de estilos de luta. Assim, eles enviaram espiões (muitos de seus líderes militares) para se infiltrar aos rebeldes e aprender os tradicionais sistemas de punho do Sul como eram ensinados no Templo. Os mestres rebeldes do Kung Fu, percebendo isso, desenvolveram um novo sistema que servia a dois propósitos: primeiro, deveria ser aprendido rápida e eficientemente; segundo deveria ser devastadoramente eficiente contra os sistemas de luta que já existiam e que os manchus haviam aprendido e ensinavam a seus soldados. Assim, nasceu o Ving Tsun. 

Os manchus decidiram eliminar a fonte de toda a atividade rebelde simplesmente exterminando os monges Siu Lam. Assim, o Templo Siu Lam do Sul foi incendiado e destruído. 

Extensivas pesquisas realizadas pelo Ving Tsun Museum apontam à geração de herdeiros após a queimada do Templo Siu Lam do Sul. Dentre esses havia um cavalheiro chamado Cheung Ng (referido também como Taan Sau Ng em outros textos). Dessa geração de herdeiros, Cheung Ng é um dos que se pode provar sua existência histórica. Após estabelecer a Associação da Sociedade da Bela Flor (nome público da Sociedade da Flor Vermelha e precursora da Ópera Vermelha) providenciando o treinamento de Wing Chun às sociedades secretas, Cheung Ng foi para o anonimato, desaparecendo dos olhos do público para escapar à perseguição da Dinastia Qing.

HISTÓRIA DO WING CHUM: SEGUNDO UMA LENDA TRADICIONAL

 Infelizmente não existe documentação que possa estabelecer uma real história do estilo.

Um dos mitos mais populares diz que suas idéias básicas foram elaboradas pela monja budista do templo Siu Lun (Shaolin), Ng Mui.

Devemos levar em conta que durante a Dinastia Ming (1368-1644) o Kung fu era praticado no templo Siu Lum no Sul da China, primeiramente como forma de exercício físico. Com a usurpação pelos manchus e o estabelecimento da Dinastia Ching, muitos patriotas de Ming buscaram refúgio de uma perseguição escondendo-se no templo Siu Lum, obtendo a ajuda dos monjes, que eram simpatizantes pela causa dos rebeldes.

Alguns monges, incluindo Ng Mui, eram na realidade rebeldes contra o poder da época e sendo assim, o templo Siu Lum constituía-se em uma ameaça ao soberano Ching.

Infiltrado dentro do templo, Ma Ning Yee, um traidor entre os monjes, forneceu informações ao imperador Ching, que formularia então um ataque ao templo, com várias tropas sendo enviadas com a missão de destruir o templo e exterminar os rebeldes.

Com a destruição do templo pelo imperador da dinastia Ching, por volta de 1734, muitos monjes morreram na tentativa de fuga, porém Ng Mui e mais quatro famosos lutadores, Pak Mei, Fung Do Tak, Mui Hin e Chi Shin, combateram com heroísmo e conseguiram escapar, cada qual rumando para diferentes localidades da China no intento de continuar a oposição contra a soberania vigente.




Ng Mui viajou no anonimato, trabalhou como simples membro de uma companhia de ópera chinesa até chegar ao mosteiro Tai Lung, onde se fixou. Nesse mosteiro continuou sua prática budista e deu início à criação de um novo sistema de arte marcial baseado em movimentos circulares pequenos e movimentos em linha reta, levando em conta a formação óssea, muscular, ligamentos e tendões; somando-se a um estado do corpo relaxado, que possibilita estar mais sensível e apto a movimentos explosivos e do aproveitamento da força do adversário. Ng Mui incorporou características da garça e da serpente, tais como a agressividade; a percepção do espaço; a maneira precisa e o emboscar para a captura da presa.

Durante esse período, conheceu uma jovem chamada Yim Wing Chun que havia aprendido algumas artes marciais Siu Lum, por ter seu pai treinado num templo próximo a Cantão, local que tivera que deixar devido a problemas com o império de Ching. Na cidade de Tai Lung, Yim Wing Chun era admirada por sua incomum beleza e essa beleza atraíra atenção de um tirânico proprietário de terras e também artista marcial chamado Wong, que exigiu que Wing Chun se casasse com ele. A jovem, já comprometida, recusou-se.




Wong agrediu o pai da moça, ferindo-o gravemente, ameaçando levá-la à força. 
Foi então que Yim Wing Chun buscou auxílio junto a Ng Mui, que decidiu ensinar-lhe o sistema de luta que havia criado.



Motivada pelo desejo de enfrentar Wong e vingar o pai, Yim Wing Chun passou a treinar sem descanso. No dia em que Wong apareceu para levá-la, Yim Wing Chun o desafiou para uma luta. Wong lhe disse para dar o primeiro ataque. A jovem lutadora sem ficar intimidada desferiu então um único soco no peito de Wong e este caiu por terra, ferido gravemente; vindo a falecer. 



Yim Wing Chun continuou a treinar com Ng Mui até que esta decidiu viajar novamente. Depois que Ng Mui partiu, Yim Wing Chum revisou as técnicas aprendidas e codificou-as. Durante esse tempo, Yim Wing Chun também aprendera a usar as facas borboletas (Pa Tzan do), porém o uso destas facas já existentes e utilizadas no estilo de Shao Lim sofreu adaptações no Wing Chun, provavelmente com associações ao uso de um tio de Yim Wing Chun, o qual era açougueiro, e do qual utilizava longas e largas facas. Yim Wing Chun incorporou os movimentos de pulso para executar os ataques de corte com a lateral da faca.

Mais tarde, Yim Wing Chun casou-se com quem estava comprometida, Leung Bok Chau.

Leung Bok Chau também praticava artes marciais, mas achou que a habilidade da mulher era muito superior aos estilos conhecidos e quis praticar o sistema dando-lhe o nome de “Wing Chun”, em homenagem à esposa.

Leung Bok Chau tinha um amigo, Wong Wah Bo, que era ator numa companhia de ópera chinesa e a quem ensinou o sistema Wing Chun incluindo o aprendizado das facas borboletas. Certo dia, quando Wong Wah Bo praticava com as facas, um empregado da companhia de ópera chamado Leung Yee Tai passou a observá-lo atentamente. Leung Tai era um especialista no uso do bastão longo (instrumento que era utilizado para empurrar os juncos que transportavam os atores e também manipulado como terrível arma), Leung Yee Tai aprendera técnicas de bastão com um dos monjes que houvera escapado do templo Shao Lin, Chi Shin, um perito nas técnicas de bastão.

Leung Yee Tai indagou a Wong Wah Bo se este aceitaria ter com ele uma luta de caráter amistoso para verificarem quem era melhor com suas respectivas armas. Depois de trocarem técnicas, quando ambos puderam apreciar a grande habilidade que cada qual possuía, optaram por um intercâmbio de técnicas. A partir de então Wong Wah Bo incorporou o luk dim bun kwan (bastão longo) ao sistema Wing Chun. Completava-se então o sistema Wing Chun, fazendo parte o aprendizado das facas e do bastão.

sábado, 23 de agosto de 2014

O QUE É WING CHUN

WING CHUN

Resultado de imagem para WING Chun

Wing Chun, escrito também Ving Tsun, Wing Tsun, Win Tzun ou Ving Chun; dependendo da escola ou organização que o ensine. A popularização da denominação “Wing Chun”, como romanização do original chinês, é atribuída a Bruce Lee. Em 1967, a pedido do Patriara Yip Man, seus discípulos fundaram a "Hong Kong Ving Tsun Athletic Association", sendo Ving Tsun a transliteração oficial, uma vez que a sigla em inglês W.C. (banheiro) não era confortável ao estilo. A expressão VING TSUN pode ser traduzida como “Cantar à Primavera”. No entanto, etimologicamente, o significado de Ving pode ser expresso por “anúncio do perpétuo”, enquanto "Chun" pode representar “a superação das dificuldades iniciais para alcançar a prosperidade, sob o efeito da luz”. Desta maneira, por extensão de sentido, o nome VING TSUN conduz ao conceito de “Aprendizagem Proativa”. Conhecido na China como “Ving Tsun Kuen”, que significa literalmene “Os Punhos de Ving Tsun”.

Segundo a tradição oral suas origens remontam a Siu Lam Jee, o famoso templo budista de Shaolin do Sul, conhecido por seus monges lutadores e por ter sido o berço da filosofia Chan (Zen, em japonês), e é relativamente novo, em comparação a outras artes marciais chinesas. Teve sua origem durante a dinastia Ching (1644/1902).




Templo budista de Shaolin do Sul - Conta-se que o templo foi várias vezes destruído invadido e recostruído.

Em regra geral, as artes marciais chinesas do sul confiam na maior parte em suas técnicas com as mãos em ataques bem próximos (ao contrário dos estilos do norte que focalizam mais em técnicas de média e longa distância). Os lutadores dos estilos do sul lutavam freqüentemente o cara a cara com seus oponentes, por isso, tiveram que criar uma maneira simples e prática de distribuir golpes curtos e rápidos. 

Por ser considerado um segredo militar, o Wing Chun era treinado fora do templo Shaolin. Guardando os segredos da nova ciência marcial, atualmente com 400 anos. Há 1500 anos, o templo estava em guerra com a cruel dinastia Ching, e para combater mais rapidamente os inimigos, foi desenvolvido o Ving Tsun - um segredo militar que treinava os soldados para guerrear com as mesmas habilidades dos soldados do templo, mas em apenas 3 a 4 anos. Por ser muito técnico, veloz e objetivo, acabou se tornando umas das artes de defesa pessoal mais eficientes, sendo assim utilizado para treinar as principais forças de segurança do mundo. É uma arte marcial de estilo mais suave, mas hoje em dia funde também as técnicas mais pesadas.

Aprendemos a utilizar não só os punhos, como também os cotovelos, ombros, pés, joelhos, torções, quedas, desenquilibrantes, além de seguir diversas regras em que o conjunto faz com que o praticante tenha facilidade para se defender sem utilizar força física e/ou velocidade. A luta permite até dedos nos olhos, cotoveladas no rosto e chutes no baixo ventre do adversário para ganhar vantagem. Pratica a proteção e o ataque aos principais pontos de pressão, a economia de movimentos, e o princípio simultâneo ou combinado de ataque e defesa.

Enquanto outras artes marciais preocupam-se acima de tudo anular violentamente a força do agressor para depois nocauteá-lo, um princípio básico do Ving Tsun é o de não desperdiçar a força do ataque, mas sim utilizá-la com uma finalidade muito mais prática: a neutralização do próprio adversário. Chutes altos não são utilizados ou com giros de corpo e quebras de blocos de madeira e/ou tijolos.

Com o desenvolvimento de muitas linhagens diferentes de Wing Chun através dos séculos (mais de 10 são conhecidas e documentadas), Wing Chun seria apenas um nome genérico para um sistema com muitas linhagens – não seria diferente do “Karate”, um termo genérico para descrever as várias artes japonesas – variadas, mas similares.

O sistema é dividido em seis níveis, sendo que os quatro primeiros são de mãos livres e os dois últimos são com armas tradicionais chinesas (bastão longo e o facão borboleta). No quarto nível treinamos com um equipamento especial, conhecido como boneco de madeira, que é utilizado para treinar a postura do praticante e outras técnicas conhecidas do Ving Tsun: o soco de uma polegada, os exercícios para desenvolver o reflexo visual e o reflexo tátil (em que o praticante aprende a lutar com os olhos fechados).

A flor de ameixeira é tida não só como o símbolo do sistema assim como de toda a China devido primeiramente ás suas cinco pétalas, que simbolizam os cinco povos que formaram a china (Han, Tibetanos, Mongóis, Mulçumanos e Hindus ), a sua cor avermelhada remete á tempos antigos onde era atribuída aos heróis lendários chineses, verdadeiros espadachins errantes que vagavam pela china lutando contra a tirania e as invasões bárbaras. Notou-se que a flor de ameixeira desabrochava no rigor do inverno chinês (diga-se de passagem, onde se faz um frio extenuante e neva em demasia)... Agindo como um aviso de que a primavera está chegando, sendo essa a época do ano onde o reino atinge o auge da fertilidade e felicidade (por isso o termo "eterna primavera" foi utilizado pelos revolucionários anti-quing, que procuraram reestabelecer a felicidade plena que foi perdida devido aos seus algozes).

Vejamos algumas características do WT:

- Passos curtos. Movimentos pequenos. Posições altas.
- Ataque em rajada continua.
- Aplica os princípios de cessão por meio de desenvolver a sensibilidade.
- Economia de movimentos.
- Defesa e ataques em simultâneos.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Espadas duplas do Wing Chun

Bat Jam Do - Espadas duplas do Wing Chun

Bat Jam Do significa técnica de oito cortes e é uma arma pertencente as 18 armas tradicionais do kung fu. Conhecida também sob o apelido de faca borboleta, normalmente é utilizada em par, porém também pode ser manejada também com apenas uma peça, como combinando com o uso de outra arma, como por exemplo, o escudo chinês. O desenho das facas borboletas chega a possuir uma variação quanto ao comprimento de suas lâminas, mas, normalmente seguem a medida do antebraço do praticante.


Como toda arma, a Bat Jam Do necessita ser uma arma feita de material forte, equilibrada, evitando assim o sobrecarregar de força no pulso, o que pode trazer sérias lesões.

As técnicas da faca incluem cortes, estocadas, bloqueios semelhantes às técnicas de braço, socos com a faca, técnicas curtas de cotovelo. O ensino das facas no sistema Wing Chun, se dá normalmente como o último estágio, se o treino realmente for sério, se exige muita força de pulso e isto é adquirido através do treino de braço e posteriormente de bastão. Como as técnicas de faca seguem as técnicas de braço, há uma seqüência lógica no aprendizado. Os ombros também acabam sendo exigidos, e quando o aluno não adquire um alto nível de relaxamento nos ombros, o ensino de arma se torna prejudicial. Outro motivo de se ensinar por último é a faca ter um significado muito forte em relação a combate, é uma arma, de corte, o que significa que sua intenção era para matar.

Bastão Longo

LUK DIM BUN KWAN - Bastão Longo

      O bastão é considerado a arma mãe no kung fu, sua utilização está ligada aos primórdios da arte marcial chinesa.


O bastão, luk dim bun kwan tem um formato cônico, com uma extremidade mais grossa em relação à outra, seu peso varia conforme o material, madeira nobre, ou madeira do tipo flexível, porém dura (white oak), ou rattan.

As características das técnicas se assemelham as da lança, aliás, para aquela época o uso do bastão era uma forma de não demonstrar, de esconder a possibilidade de que munido de uma vara utilizada para fins sociais (apoio, abrir mata, remo, suporte de balde, etc...) seria manejada de forma mortal.

O manejo de bastão de forma tradicional no Wing Chun, utiliza-se de base sólida como a do cavalo, e de bases flexíveis como a do gato e uma própria do Wing Chun, hau ma. A combinação está entre o movimento rápido e forte de perna aliados à cintura e a explosão dos braços, características marcantes no estilo Wing Chun.

O QUE É WING CHUN

WING CHUN Wing Chun, escrito também Ving Tsun, Wing Tsun, Win Tzun ou Ving Chun; dependendo da escola ou organização que o ensine. A ...